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HISTÓRIA DAS FEIRAS LIVRES

As feiras livres podem ser descritas como mercados varejistas a céu aberto e de periodicidade semanal, organizadas e reguladas pelo município, possuindo papel fundamental na distribuição de gêneros alimentícios à população local.

Foto: Acervo Pessoal

Se engana quem pensa que as feiras são meros detalhes na paisagem urbana. Na realidade, sua história é bem antiga e central para refletir sobre as cidades, dinâmicas sociais e alimentação. As feiras estão presentes ao longo de toda história do ocidente e do mundo antigo, presente também nas culturas orientais, bem como em sociedades tradicionais, incorporando e expressando o contexto social, a cultura e momento histórico de cada lugar e povo.


Uma feira em Portugal difere-se da feira japonesa, ou da brasileira. Nesse mesmo horizonte, se pensarmos em um mesmo local, como Portugal, as feiras dos nossos dias são completamente diferentes daquelas ocorridas na Idade Média. Mesmo assim, elas exercem a mesma função e possuem os mesmos sentidos enquanto espaços para trocas comerciais e interações sociais.


Equipe Pitada Natural na feira
Foto: Acervo Pessoal

As feiras são, portanto, espaços formados por diferentes instituições sociais forjadas por um particular processo sócio histórico de ocupação das regiões. No Brasil, entendemos que elas possuem um forte papel subversivo devido seu caráter de fomento à agricultura familiar, culminando em impactos econômicos e sociais positivos. Este segmento da agricultura, além de dinamizar a economia de 90% dos municípios brasileiros, responde pela renda de 40% da população economicamente ativa, bem como pela produção dos alimentos presentes nas mesas dos brasileiros. A feira, então, é um locus de resistência e rota de fuga às grandes redes de mercados que dominam o setor de abastecimento e que levam muitos agricultores à falência devido às suas políticas de preço, taxas e competição.


O lugar das feiras livres no comércio de alimentos in natura mudou com a ascensão dos mercados e hipermercados a partir dos anos 60. Esse crescimento foi acompanhado por grandes mudanças nos contextos urbanos. Uma vez que os supermercados atuam em redes, sendo apenas cinco grupos detentores do abastecimento das cidades, a relação de poder é extremamente desigual, à medida que o mais forte orienta as regras para funcionamento do mais fraco, criando uma tensa relação entre feiras e mercados. Um espaço tão importante para o funcionamento das cidades e da cidadania, como os mercados de alimentos a céu aberto, infelizmente, não possui os incentivos que fazem jus ao seu papel.


E VOCÊ SABIA QUE AS FEIRAS POSSUEM UMA HISTÓRIA BEM ANTIGA, EM DIFERENTES LUGARES DO MUNDO?


As feiras fazem parte do repertório de narrativas e contos tradicionais árabes, indianos e persas. Em sociedades africanas, etnografias discorrem sobre a presença da organização da Troca em dias pré definidos. No mundo antigo, podemos citar os famosos mercados romanos. Na Europa, foi a partir da Idade Média que as feiras ganharam relevância, com grande importância histórica ao delimitar a passagem do feudalismo para o mercantilismo, uma vez que configuravam os locais de escoamento dos excedentes. Inúmeras cidades europeias foram conformadas e tornaram-se famosas por suas feiras. Por exemplo, os centros urbanos de Marseille e Lyon, na França, originam-se nas feiras, ou, no caso, Veneza, Gênova e Pisa, na Itália, que tornaram-se famosas pelas suas feiras de luxo. No Brasil não é diferente. Algumas cidades surgiram de feiras, como Feira de Santana, na Bahia; Caruaru, em Pernambuco e Campina Grande, na Paraíba. Uma vez que as feiras foram incorporadas por colonizadores e a região nordestina foi o território que a ocupação ocorreu primeiramente, as feiras mais tradicionais localizam-se nesta região e ainda se fazem presentes.


Foto: Feira semanal em Feira de Santana (BA) (Reprodução/IBGE)

No Brasil, a feira é uma herança ibérica que foi combinada às práticas africanas. Desde os tempos coloniais, nas diretrizes das cidades, são definidos os dias específicos para as feira, garantindo o acesso da população a diferentes gêneros. Portanto, não é de hoje que elas garantem o abastecimento de alimentos das cidades.


Atualmente, as feiras são espaços públicos que rompem com a agitação urbana, a medida que convergem com as intenções da metrópole ao garantir o abastecimento de grupos populacionais, porém, essa tradição urbana tem se tornado obsoleta frente os grandes varejos e o uso da rua somente para o trânsito e circulação.

Ademais, o trabalho dos feirantes se entrecruza com relações familiares e de amizade presentes nos bairros, criando um espaço de sociabilidade para além dos objetivos mercadológicos.


Fonte: Acervo Pessoal

A consolidação das feiras livres nas cidades ocorreu devido a mobilização dos indivíduos expulsos dos engenhos na década de 40, onde operários, pequenos produtores, arrendatários e trabalhadores da rua trocavam e comercializavam alimentos e itens de subsistência. Essa prática constituiu uma grande diversificação e dinamização econômica da região nordestina. De maneira geral, as feiras livres são expressões do processo de transformação da economia agrária e rural brasileira nas décadas de 60 e 80, se estabelecendo em paralelo ao crescimento das cidades e urbanização do interior. Porém, a partir da década de 90, as feiras passaram a ser vistas como atrasadas e carentes de modernização. Ainda existe certa visão dela como um lugar desorganizado, bagunçado, onde tudo está espalhado, a medida que tal informalidade é vista como um empecilho a ser superado, e não uma saída a hegemonia imposta pelos modelos de super e hipermercados.


A feira é, na realidade, o oposto das visões pejorativas: constitui aquele local onde há produtos frescos e limpos, variados e com preços acessíveis, conformando um espaço de partilha de práticas alimentares saudáveis e sustentáveis. Elas possuem papel central na construção de estratégias de abastecimento para as cidades focando na produção e consumo, na maneira que induzem a circulação de conhecimentos e práticas tradicionais, ligados a espaços de socialização e interação, bem como o fortalecimento do vínculo entre produção agrícola rural e consumo urbano.

Já deu para perceber a importância das feiras, né?! Então, procura as Feiras Livres próximas de você, faz sua lista de compras, pega a sacola e se joga.



 

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