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DIA DAS MÃES | Desromantização da maternidade e a alimentação

A comida contém sentidos que vão muito além dos nutrientes que a compõem, ela armazena memória, história e expressa mensagens. Dentro da nossa sociedade, a família constitui o grupo responsável tanto pela reprodução biológica, quanto pela reprodução simbólica, ensinando-nos a maioria das coisas que sabemos. Uma das dimensões dessa reprodução simbólica familiar são nossos gostos, práticas e hábitos alimentares.


E quando falamos da relação das mães com nosssas preferências e construção da nossa identidade, sua influência é significativa. Sobre isso, você sabia que nós, seres humanos, possuimos predileção ao doce por conta do leite materno?! Pois é. É instintivo gostarmos do sabor doce pois ele configura o sabor do leite materno, alimento necessário para nossa sobrevivência nos primeiros anos de vida. Não somente no aspecto biológico, mas quem aqui não tem aquela comida de mãe que mesmo se reproduzida pelo melhor chef do mundo, não fica igual? Não tem cozinha três estrelas Michellin que reproduza o nossa prato favorito feito pelas mãos da nossa mãe.

No Dia das Mães, nós da Pitada, além de homenagear essas pessoas incríveis, também damos aquele acalanto que muitas vezes passa batido. Isto é, vamos falar da Mãe da Vida Real.

Existe um processo cruel de romantização da maternidade que deslegitima o sofrimento das mães e impõe condutas descabidas. As vezes, o óbvio precisa ser lembrado: está mais do que tudo bem seu cansaço e esgotamento; é perfeitamente normal querer um tempo só para você, aquele tempo que é seu e somente seu; tudo bem as mudanças físicas e psíquicas inerentes à gravidez e é comum olhar para aquele pacotinho recém saído de você e bater um certo desespero.


A exaustão materna também é mental, “Não deveria ter reagido assim”, “será que ela está comendo bem?” "Será que a criação que estou dando está sendo boa?” “eu poderia fazer mais..” e assim por diante. Existe um papel social que a mãe deve cumprir e que gera sofrimentos e angústias. O “amor de mãe” é imposto como aquele sentimento incondicional, parte do “instinto materno” e tudo que não corresponde a esta ordem, é julgado moralmente.

Se você não permite que seu filho coma doces, é um carrasco! Se permite, está errada. Se você compra a comida, é uma péssima mãe, e se faz, está fazendo errado. Seu leite é fraco, por isso a criança está desse jeito…. mamando até essa idade? Que tipo de mãe é você? Se deixa seu filho comer a comida da creche, é desleixada e se não deixa? Controladora.


Sério, WTF?? Essas pessoas literalmente geraram um ser humano, não existe função mais importante no mundo e ainda precisam escutar essas coisas?! Sinceramente...



Dentro disso, quando falamos sobre a culpa materna e alimentos ultraprocessados, as corporações alimentícias se debruçam sobre essa estrutura e usam diferentes estratégias de marketing para demonstrar uma suposta qualidade e praticidade destes alimentos, induzindo o consumo. E, quando se trata de crianças e mães, tal propagando torna-se mais cruel. O consumo de macarrão instantâneo cujo slogan é um desenho animado e que cria certo imaginário de ser apropriado para o consumo infantil, bem como corporações que, em contramão à ciência, defendem alimentação complementar na primeira infância através das “fórmulas” e o desmame são dois exemplos disso (muitas vezes o consumo de fórmula é necessário. No caso, aqui nos referimos quando ela é imposta como a melhor opção, até mesmo em detrimento do leite materno).


O tempo destinado a cozinha no cotidiano é sacrificado em nome da produtividade, das demandas e tarefas, uma vez que acaba se tornando um obstáculo para eficiência e eficácia - a curto prazo. A realidade de muitas mães é definida pela dupla jornada de trabalho: o trabalho doméstico e o trabalho remunerado. Passar oito horas do dia nos respectivos empregos, chegar em casa e cuidar dos filhos, fazer a comida e ainda cumprir outras diferentes tarefas é extremamente exaustivo, de forma que o consumo dos ultraprocessados é uma realidade cada vez mais consolidada devido a praticidade oferecida




O modelo de produção capitalista, nos seus moldes atuais, exige um alto desempenho e produtividade, criando novas demandas que são correspondidas por inovações tecnológicas. Novos ingredientes, novas comidas e novos gostos. No caso, devemos repensar esse processo e questionar: nossa saúde deve ser posta em jogo ou a rotina está exaustiva? Os problemas não são as mães e, portanto, não são elas que devem ajustar a rotina, aumentar a carga mental e física até o ponto de esgotamento.


Não só as corporações, mas a conduta da rede de apoio influencia muito nos sentimentos da mãe. Apoio e compreensão são básicos neste momento, porém, é comum relatos que conhecidos, amigos e até mesmo parentes constantemente desrespeitam o espaço através dos “conselhos” nada bem vindos, e até mesmo por ações descabidas, do tipo dar comida escondido para o bebê. Oi?! Um absurdo!


Ser mãe e criar uma criança é um ato revolucionário e nesse Dia das Mães, gostaríamos de homenagear todas as mulheres que decidiram ser mães, porque sabemos que ser mãe não é seu único atributo. Estamos do seu lado nesta jornada, ajudando e deixando o caminho mais fácil e saboroso. Parabéns a todas as mães, sabemos que vocês estão fazendo um ótimo trabalho.

 

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