Qual o impacto da escolha entre Consumir Alimentos em Hipermercados ou em Feiras Livres?
A comida que temos acesso atualmente faz parte do mecanismo do sistema alimentar brasileiro. Eles constituem uma rede de atividades que envolvem a produção, processamento, transporte, consumo e até o descarte dos alimentos. E, quando falamos sobre o acesso a alimentos saudáveis e exposição massiva aos ultraprocessados, necessariamente estamos discutindo o equilíbrio deste sistema alimentar e a garantia do direito à alimentação saudável à população e segurança alimentar. No caso, quando os ultraprocessados são escolhidos em detrimento dos alimentos naturais, a saúde da população é posta em risco, levando à problemas de saúde como obesidade, diabetes, pressão alta, além de outras Doenças Crônicas Não Transmissíveis.
Dentro dessa grande cadeia, o momento que focaremos neste post será o de distribuição de alimentos. Isto porque é onde os indivíduos terão contato direto com aquilo que consumirão, havendo mais possibilidades de repensar e mudar práticas alimentares prejudiciais.
sistemas alimentares são todas as atividades relacionadas à produção, distribuição, preparo, consumo e descarte dos alimentos e que incidem sobre a saúde, questões socioeconômicas e meio ambiente. Esse sistema pode ser afetado pela cultura, políticas, economia, infraestrutura e tecnologia, fazendo com que alguns alimentos estejam mais disponíveis que outros para nós, consumidores. Então, nossa comida é escolhida através do acesso, preço, gosto, hábito, ações de marketing, entre outras variáveis.
Os supermercados e hipermercados são estabelecimentos de autoatendimento nos quais diferentes produtos são vendidos no varejo, de forma que a diferença entre eles está na área em metros quadrados e na variedade dos produtos. Os comércios e feiras existem desde a idade média no ocidente, desempenhando um papel central nas cidades.
Durante a Revolução Industrial e a produção em massa de mercadorias, a estrutura destas organizações tiveram profundas mudanças. Da mesma forma que toda estrutura social, política e econômica mudou neste processo, o papel desempenhado pelo comércio na distribuição e comercialização foi transformado, criando novas maneiras de troca de mercadorias como parte do processo de modernização dos centros urbanos em marcha desde o final do século XVIII.
Os estabelecimentos de autosserviço (supermercados e hipermercados) expressam a lógica de reprodução do sistema capitalista e a consolidação da sociedade consumista baseada na valorização do tato e visão. O modelo de supermercado que conhecemos hoje tem origem nos EUA após o período da Grande Depressão, sendo o período pós-Segunda Guerra Mundial seu marco de difusão pelo mundo. No Brasil, os supermercados surgiram juntos a entrada de indústrias e a concomitante ampliação e diversificação da produção, dando inicio as alterações mais importantes nos hábitos de consumo do brasileiro. Através do autosserviço, da disposição espacial estratégica das mercadorias nas gôndolas e da política de preços, estas instituições comerciais causaram grandes impactos na alimentação da população, bem como no setor de alimentos.
Então, já parou para pensar que toda sua dieta e hábitos alimentares podem ser influenciados por estratégias de marketing, publicidade e propaganda dos supermercados e hipermercados? E que o resultado desse processo é a progressiva supressão de culturas alimentares e a homogeneização dos hábitos alimentares?
Atualmente quem controla a cadeia de abastecimento de alimentos é a iniciativa privada, situada em algumas poucas empresas que detém poder sobre todo o setor de mercados. Além disso, quem define quais alimentos a população tem acesso são esses mesmos grupos, desenvolvendo algo chamado supermercadismo, isto é, a valorização dos ultraprocessados e o afunilamento da diversidade de alimentos expostos em seu interior em razão daquilo que é interessante para a indústria alimentícia. É característico dessa configuração oligárquica levar diferentes agricultores à falência devido à concorrência nos preços, além dos padrões e normas impostos sobre os alimentos, como a cor, textura, tamanho e aparência que só são possíveis através do apoio em tecnologias somente acessíveis à parcela altamente capitalizada do campo.
Como reflexo, a alimentação vem cada vez mais perdendo seu sentido social, aproximando-se de certo aspecto funcionalista de performance do corpo produtivo economicamente, além de empobrecer nutricionalmente a dieta do brasileiro.
A valorização dos pequenos produtores, o consumo de cestas de alimentos agroecológicos e das feiras livres são formas de driblar a dificuldade imposta pelos mercados e pelas corporações no acesso a alimentos diversificados. Estas organizações oferecem à comunidade comidas saudáveis de maneira acessível, possuindo papel central na garantia da segurança alimentar, tanto localmente, quanto estruturalmente. Ao valorizar o trabalho de pequenos produtores, incentivamos a produção de comida de qualidade para toda a população, bem como ajudamos a economia da região.
Dando preferência ao consumo em feiras, temos mais acesso a alimentos produzidos através de práticas sustentáveis e ecológicas, orgânicos, baratos, sazonais e mais saborosos e nutritivos. Ao restringir nossas compras apenas aos supermercados, acabamos consumindo vegetais com qualidade inferior, ficamos mais suscetíveis ao consumo de ultraprocessados e construímos referências de alimentação a partir daquilo que temos acesso, o que resulta no empobrecimento da diversidade alimentar e monotonia das refeições.
Então, já sabe: busque se informar sobre as feiras livres perto de você, separe sua bolsa de feira e seja feliz!
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